quarta-feira, 1 de outubro de 2014

A Ignorância do Pré-conceito

Vivemos em uma paranoia pós-moderna de um discurso fictício da felicidade constante. Observe as redes sociais. Quantos publicariam fotos de um “velório”? Todos em um frenesi para demonstrar que estão felizes e que desejam realmente a felicidade. Quando na realidade, se constrói uma postura imatura para lidar com as mazelas da vida. Fico então a me perguntar: Quem realmente é feliz? Quantos realmente são felizes?

Há aqueles que se tornam tão íntimos do Divino que espontaneamente perdem o medo de assumir sua história, adquirem força o suficiente para reconhecer suas fragilidades e por fim, tornam-se emocionalmente saudáveis.

São os que compreenderam o beneficio do "mal", pois é na fornalha que crescemos, é no inverno da alma que se aguarda a primavera. Mais aprendemos quando sofremos do que quando nos alegramos, afinal de contas, quantas grandes lições extraímos em meio a felicidade? Quando tais momentos chegam, desejamos apenas usufruir.

Por outro lado, há os que são tão expressivos em comentar o mundo em que estão, mas emudecem diante do mundo que são. Vivem o paradoxo da solidão. Convivem com multidões e ao mesmo tempo, estão isolados dentro de si, construindo uma ditadura.

Para esses, suas verdades são eternas, o mundo é apenas do tamanho da sua cultura. Rígidos na maneira de pensar, vivem um cárcere intelectual. Não ousam duvidar de seus conceitos para se esvaziarem intelectualmente e se abrirem para outras possibilidades de pensar. Vivem a ditadura do preconceito e negam quaisquer possibilidades de derrubar os dogmas de sua mentalidade.

Esses, são os que jamais se introduzirão para uma nova maneira de ver a vida e compreender o mundo. E ao observarem a vida alheia, não cogitam acerca das origens do observado. Não se preocupam em questioná-lo honestamente. Para eles, o individuo observado jamais derramou lágrimas, não possuíra uma família, não tivera infância, não sofrera, não construíra relacionamentos, enfim, não possui uma história. Para os ditadores do preconceito, a história das pessoas é anulada.

Por fim, cabe ressaltar que o ser humano é uma grande pergunta ambulante. Vaga por dezenas de anos procurando respostas e tentando explicar o mundo, quando na realidade, tem que admitir que explicar a si mesmo é o maior desafio da sua própria inteligência.

Felizes são aqueles, que observando, procuram encaixar as peças do quebra-cabeça interior.


J. R. Habkost

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